Topo

Suspeitos do falso atentado em Taboão usaram fuzil porque 'ninguém acreditaria em pistola', diz polícia

Feb 18, 2025 IDOPRESS

Imagens mostram socorro ao prefeito de Taboão da Serra,Aprígio,e marca de disparo em seu veículo — Foto: Reprodução

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 17/02/2025 - 17:59

Secretários próximos envolvidos em falso atentado

Suspeitos do falso atentado em Taboão usaram fuzil para simular realidade. Polícia aponta participação de secretários próximos ao ex-prefeito. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão,com prisões e apreensão de armas e dinheiro. Investigação revela detalhes do plano e identifica envolvidos. Aprígio,atingido no ombro,nega conhecimento do ataque. Advogado afirma que ex-prefeito é vítima e confia na justiça.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO

Os investigadores que apuram o ataque a tiros contra o então prefeito de Taboão da Serra (SP) e candidato à reeleição,José Aprígio (Podemos),ocorrido em 18 de outubro de 2024,acreditam que três secretários próximos ao político participaram do planejamento do atentado. De acordo com o delegado da seccional da cidade,Helio Bressan,o grupo que elaborou o plano tinha como objetivo alavancar a candidatura de Aprígio — que acabou derrotado no segundo turno pelo Engenheiro Daniel (União) — e chegou a discutir qual armamento faria com que o atentado parecesse mais real.

— Há na investigação que alguém teria dito para fazer o ataque com tiro de pistola,mas outro teria respondido: ‘Não. Pistola ninguém vai acreditar. Vamos fazer de fuzil. Qual a blindagem do carro? (o veículo onde estaria Aprígio)’ — contou Bressan.

A Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) do Ministério Público cumpriram dez mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária nesta segunda-feira contra suspeitos de envolvimento no crime. Duas pessoas foram presas em flagrante,dentre elas Valdemar Aprígio,irmão do ex-prefeito e ex-secretário de Manutenção,detido por porte ilegal de arma de fogo. Os demais secretários investigados são José Vanderlei Santos (Transportes) e Ricardo Rezende Garcia (Obras).

Investigação: Atentado contra ex-prefeito de Taboão da Serra durante campanha foi forjado

A outra pessoa presa nesta segunda é Anderson da Silva Moura,suspeito de ter atuado como um “intermediário” entre o grupo político do ex-prefeito e os executores do atentado. Além de Anderson,foi identificado como intermediário e está foragido Clovis Reis de Oliveira. Os três atiradores já haviam sido denunciados: um deles está preso preventivamente e os outros dois estão foragidos.

As investigações avançaram a partir de depoimentos de um envolvido no ataque que fez acordo de colaboração. Segundo essa pessoa,o plano envolvia pagamentos que totalizavam R$ 500 mil. Os executores foram contratados dias antes do ataque,que não saiu como o planejado: após os primeiros disparos,feitos de dentro de um carro pelo homem que estava no banco de carona,o motorista acabou assumindo o controle do fuzil e fez disparos sem direcionar a arma como deveria. Aprígio foi atingido no ombro e precisou passar por cirurgia no Hospital Albert Einstein,onde passou alguns dias internado.

Durante a operação desta segunda,também foram apreendidas seis armas,munição,celulares,computadores e pen drives,além de R$ 320 mil em espécie que estavam guardados no cofre do ex-prefeito — que disse à polícia que o dinheiro havia sido declarado em seu Imposto de Renda.

Itens apreendidos pela operação desta segunda-feira — Foto: Divulgação / Polícia Civil

Os investigadores dizem não ter até o momento qualquer prova de que Aprígio soubesse do plano que o levou a ser baleado no ombro durante a campanha eleitoral. A arma usada no episódio,um fuzil AK-47,ainda não foi encontrada.

— Até este momento,não há ainda como eu afirmar categoricamente que ele (Aprígio) estava participando disso. A gente tem alguns indícios,algumas coisas que fogem da normalidade. Mas ainda não tenho uma prova cabal. (...) Se era para fazer um atentado contra o prefeito,ele esteve em alto grau de vulnerabilidade por diversas vezes naquele dia,os indivíduos estavam na região,e ninguém atirou. Aquilo já começou a deixar uma suspeita na gente. Se era para ceifar a vida dele,por que não aproveitaram quando ele estava fora do veículo? — declarou Bressan.

Em nota,o advogado que representa Aprígio,Allan Mohamed Melo Hassan,reafirmou que o ex-prefeito é uma “vítima” e que “foi surpreendido” com o novo desdobramento da investigação. Disse que o ex-prefeito “reitera a sua confiança no trabalho da Polícia Civil e no Ministério Público,e tem certeza de que todos os responsáveis serão devidamente punidos,após o devido processo legal”.