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Multiplan investe R$ 600 milhões na expansão de shoppings e não vê juros altos por muito tempo

Feb 14, 2025 IDOPRESS

Diretor-presidente da Multiplan,Eduardo Kaminitz Peres: empresa investe em revitalizações e inovação digital — Foto: Leo Pinheiro/Valor

RESUMO

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GERADO EM: 13/02/2025 - 22:00

Multiplan investe R$600 mi em shoppings

A Multiplan investiu R$600 milhões em expansões de shoppings,mantendo planos apesar de juros altos. Com lucro recorde,a empresa foca em projetos de revitalização e expansão,incluindo BarraShopping e novos empreendimentos. Preocupação com endividamento é minimizada,apostando em queda de juros.

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A empresa de shopping centers Multiplan concluiu em 2024 um plano recorde de revitalização,com impacto em 19 dos 20 empreendimentos da carteira,e planeja três expansões que devem somar investimentos de cerca de R$ 600 milhões entre 2025 e 2026,disse o diretor-presidente Eduardo Kaminitz Peres.

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Apesar do ambiente de juros mais elevados,que encarecem o custo do capital,e de desaceleração econômica,o comando afirma que janeiro começou forte,e a resiliência de seus imóveis,voltados mais aos públicos A e B,permite a manutenção dos planos.

— O ano de 2024 foi o mais produtivo da história da empresa,em todos os indicadores — afirmou. — O Natal foi muito bom,e 2025 começou com janeiro forte.

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Segundo ele,a empresa tem recebido,em média,120 a 130 propostas de abertura de lojas a cada 15 dias,e,no geral,se aproveita,cerca de 30%,considerando valores e condições de negociação.

Na semana passada,a empresa publicou o balanço de 2024,com lucro líquido recorde de R$ 1,3 bilhão,alta de 31,4% em relação a 2023. A receita líquida subiu 24% para R$ 2,5 bilhões. Ainda foi a melhor margem operacional da história. Relatórios do JP Morgan,XP,Santander e Itaú BBA citam resultados sólidos,em parte,pelo perfil de empreendimentos,mesmo em cenário econômico difícil.

BarraShopping

Na praça do Rio,há planos no radar como a expansão do BarraShopping,a construção de um projeto imobiliário próximo ao empreendimento (gerando aumento de fluxo de clientes no shopping),além da expansão do VillageMall. Não há datas para esses projetos.

— Preferimos terminar a revitalização do BarraShopping e depois avançarmos com a expansão em paralelo com o projeto imobiliário — disse ele.

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Segundo o executivo,a empresa teve obras de melhoria e reformas simultâneas no ano passado,para recuperar aquilo que não pôde ser feito durante a pandemia,quando houve uma deterioração natural dos espaços.

— A gente precisava retomar e entregar de volta a experiência original dos shoppings,por isso tivemos esse ápice de revitalização. Daqui pra frente,esse investimento vai decrescer. Mas ao mesmo tempo,faremos três expansões — disse ele.

No Rio,há planos no radar como a expansão do BarraShopping e a construção de um projeto imobiliário próximo ao empreendimento — Foto: Marcelo Theobald/Agência O Globo

Nesse grupo de novas expansões estão o Parque Shopping Maceió (Alagoas),com espaço a ser aberto em novembro deste ano,o Morumbi Shopping (São Paulo),com inauguração da área no início de 2026,e o ParkShoppingBrasília,para o final de 2026.

Pelos dados do balanço,em 2024,foram quase R$ 400 milhões em revitalizações,tecnologia e inovação digital,alta de 160% frente ao ano anterior. Em expansões,o avanço foi de 140%,para R$ 444 milhões no mesmo período.

Ao se considerar os investimentos (“Capex”,ou despesas de capitais) anuais no portfólio,Peres prefere não projetar que a soma chegará em R$ 1 bilhão,após alcançar R$ 911 milhões em 2024.

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— A ideia é que façamos mais ou menos o que fizemos no ano passado. Talvez seja um pouco menos intenso,por conta de [desafios de] mão de obra mesmo — afirmou. — Do auge do que foi ano passado,houve duas entregas significativas,a inauguração do ParkShopping Barigüi,em Curitiba,e do DiamondMall,em Belo Horizonte,que foi o shopping que mais cresceu no ano passado.

O nível de investimentos de 2024 foi o terceiro maior na empresa desde a abertura de capital,em 2007,e só inferior a 2012 (R$ 1,3 bilhão) e 2016 (R$ 952 milhões). O montante de 2024 não considera os R$ 2 bilhões desembolsados para a compra de fatia de Ontario Teachers’ Pension Plan (OTPP),fundo de pensão canadense que vendeu sua posição de 18,5% em novembro.

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Perguntado sobre riscos de pressão sobre endividamento,num cenário de juros chegando a 15% ao fim do ano,Peres diz que não acredita numa manutenção desse patamar de 15% por muito tempo. E diz que os níveis de endividamento,mesmo tendo crescido em 2024,não são preocupantes.

Em dezembro,a relação dívida líquida e Ebitda,que mede lucro antes de juros,impostos,amortização e depreciação,estava em 2,31 vezes,versus 1,41 vez em setembro. É o maior indicador desde o fim de 2021,quando foi a 3,06 vezes.

Apesar da alta,o cronograma de amortização é de dez anos,e o índice se mantém bem abaixo dos covenants,em 4 vezes,que são limites financeiros a serem respeitados,e determinados em contratos com credores.

— Fizemos um fluxo de caixa longo de dez anos,que é supertranquilo,e o endividamento vai passar o ano assim,e ali na frente ele começa a descer. O que mais preocupa é a taxa de juros. Mas eu não acredito que o Brasil possa ficar com 15% por muito tempo. Talvez ele seja um pico,depois volta para uma taxa menor.

“O ano de 2024 foi o mais produtivo da história da empresa,em todos os indicadores. O Natal foi muito bom,e 2025 começou com janeiro forte”,Eduardo Kaminitz Peres,diretor-presidente da Multiplan

Sobre a possibilidade de voltar a abrir empreendimentos greenfield,a partir do zero,o executivo diz que “não apareceu nenhuma oportunidade que fizesse sentido” — a última abertura foi do ParkJacarepaguá,no Rio,em 2021,em plena pandemia.

Afirma que há propostas que parecem boas,mas não fazem sentido.

— Você está numa cidade do interior com 500 mil habitantes e já tem lá três shopping e você vai abrir o quarto? Para quê? — afirma. — Essa lição a gente já apreendeu,tem gente que continua errando,mas eu não faço,eu refutei.

Ainda diz que,quando seu pai,José Isaac Peres,presidente do Conselho de Administração,fundou a companhia,em 1975,a ideia não era ter 40 ou 50 shoppings “sendo metade bom e metade ruim”. Desde fevereiro de 2023,Eduardo ocupa a cadeira de presidente no lugar do pai,que está no conselho.