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O que sua roupa está dizendo ao seu terapeuta? Veja o que dizem especialistas

Feb 17, 2025 IDOPRESS

Um episódio de “Sex and the City” mostra Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker),cética em terapia,experimentando a prática (e com as mesmas roupas que ela usa em coquetéis e encontros) — Foto: Divulgação/HBO

RESUMO

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GERADO EM: 16/02/2025 - 20:01

"A psicologia das vestimentas na terapia"

Terapeutas analisam como roupas dos pacientes refletem questões psicológicas. Vestimentas podem revelar identidade,progresso emocional e até ultrapassar limites de interpretação. Pacientes buscam impressionar e expressar-se,enquanto terapeutas percebem pistas sutis sobre o estado emocional dos indivíduos. A conexão entre terapia e roupas é complexa e reveladora.

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Travis Paul Martin,um publicitário baseado em Chicago,nos Estados Unidos,usa as mesmas roupas todas as semanas quando sai para suas consultas de terapia,numa espécie de uniforme: suéter de caxemira e jeans no inverno,ou shorts e camiseta nos dias mais quentes.

— Isso me ajuda a sentar no sofá para fazer o que preciso — disse Martin,de 40 anos,que costuma combinar suas roupas com sandálias Birkenstock. — Estou pensando em estereótipos como Lorraine Bracco na série "Os Sopranos",que sempre se vestia bem. Se eu fosse vê-la,nunca usaria roupas de ginástica.

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Ele nunca tinha pensado muito sobre como sua aparência poderia desempenhar um papel em seus cuidados até uma sessão,quando seu terapeuta apontou que ele não estava usando suas Birkenstocks favoritas.

A terapia pode não parecer uma ocasião que exija muita reflexão sobre uma roupa. Mas,como muitas pessoas voltaram às sessões presenciais,algumas após anos de terapia remota,elas estão descobrindo que pode ser complicado se vestir para as consultas. Mesmo que os pacientes não pretendam dizer nada com as roupas,pode ser inevitável que o seu eu inconsciente fale por eles. Os terapeutas dizem que estão prestando muita atenção.

Fernanda Torres e Demi Moore posam juntas

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Fernanda Torres e Demi Moore em evento da Chanel,em Londres — Foto: Getty Images

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Fernanda Torres e Demi Moore em evento da Chanel,em Londres — Foto: Getty Images

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Fernanda Torres e Demi Moore em evento da Chanel,em Londres — Foto: Getty Images

Atrizes marcaram presença no evento pré-Bafta organizado pela Chanel,em Londres

A terapia e as roupas têm uma conexão inseparável

A terapia e as roupas (incluindo os acessórios) têm uma conexão inseparável “tanto para o terapeuta quanto para o paciente”,disse Wei Motulsky,psicólogo clínico baseado em Portland,no estado americano de Oregon.

Talvez em linha com a teoria do reprimido de Freud,estarão as nossas ansiedades e obsessões regressando na forma do que vestimos para consultar os nossos analistas?

— Tinha uma paciente que era uma advogada muito experiente,e ela comparecia à terapia e trabalhava com trajes muito tradicionais,o que,para mim,sugeria orgulho pela sua formação — disse Avi Sanders,psicólogo clínico que exerce a profissão nas cidades de Nova York e Nova Jersey.

Outro paciente usou um colar estilo cadeado nas sessões. Quando Sanders perguntou sobre as joias,ele soube que representavam a participação do paciente na comunidade BDSM (Bondage,Disciplina,Sadismo,Masoquismo) — algo sobre o qual ele nunca havia falado antes.

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Sanders pensa em roupas “em todas as sessões,inconscientemente,em segundo plano”,por causa das pistas sutis que consegue captar sobre a identidade e o estado psicológico de um paciente através delas.

Quando Holly Falcone,uma artista baseada em Los Angeles,começou a consultar um novo terapeuta para tratar a depressão pós-parto,ela percebeu que estava preocupada em ser “levada a sério”. Ela também queria esconder o desalento que sentia em sua vida diária como mãe de primeira viagem. Então,saiu e comprou um guarda-roupa novo com roupas “profissionais” — diferente dos estilos coloridos e com babados que ela normalmente usava.

— Eu queria impressioná-lo — disse Falcone,de 39 anos,se referindo ao terapeuta novo.

O papel dos filmes e séries

Winona Ryder como Susanna Kaysen em “Garota Interrompida” — Foto: Divulgação/HBO

No imaginário cultural,programas como “Os Sopranos” e filmes como “Garota,Interrompida” e “Gênio Indomável” desempenharam um papel na formação de nossas ideias sobre o que acontece no divã do terapeuta — e o que as pessoas vestem para se deitar nele. Na segunda temporada de “Sex and the City”,Carrie Bradshaw (interpretada pela vencedora do Emmy Sarah Jessica Parker) se encontra com um terapeuta para resolver um difícil rompimento com o Mr. Big. Ela comparece aos compromissos com trajes de coquetel: sandálias de salto agulha,vestidos com babados e estampas florais e bolsas de grife.

Ao visitar seu terapeuta no Upper East Side de Manhattan para falar sobre seu doloroso rompimento,Grace Dougherty,atriz e escritora,disse que se sentia como “uma senhora em um filme fazendo terapia”.

Dougherty,de 28 anos,percebeu que o que ela usava para terapia parecia acompanhar sua cura. Ela tinha acabado de descobrir,por meio de um artigo de tablóide,que seu ex-namorado,editor de moda de uma revista masculina,estava namorando alguém novo.

Ela começou a usar roupas que considerava mais sugestivas,como peças de marcas como Blumarine,porque havia começado a namorar novamente. Eventualmente,ela começou a apresentar designs vintage de Calvin Klein e Sonia Rykiel,porque eles a faziam se sentir mais elegante.

Uma sessão entre Tony Soprano e Dr. Melfi em “The Sopranos”,um dos primeiros programas de televisão a retratar a psicoterapia — Foto: Divulgação/HBO

Lily,uma estudante de direito em Atlanta que tratou um distúrbio alimentar,teve uma conclusão semelhante: as roupas que usava nas sessões refletiam o progresso dos seus cuidados. No início de seu tratamento,ela passou por um longo período usando moletons largos durante a terapia. Mas então,em algum momento,ela percebeu que estava se sentindo mais confiante em seu corpo e usando peças mais justas.

Essa evolução não passou despercebida: Lily,de 35 anos,disse que seu terapeuta comentou sobre sua mudança de roupas que não faziam jus a silhuetas que mostravam sua figura. Alguns profissionais de psicologia dizem que esse tipo de comentário é esperado.

— O terapeuta é uma tela de projeção — disse Elinor Bock,fundadora e diretora da Therapists of New York.

Os limites

Mas,se o que os pacientes vestem é passível de interpretação,juntamente com o resto da sua bagagem emocional,também há muito espaço para mal-entendidos. E,para alguns,o interesse de um terapeuta por roupas pode ultrapassar limites.

Isa Toledo,uma artista de 34 anos que vive em Lisboa,rompeu com o seu terapeuta em parte devido a um comentário aparentemente improvisado sobre algo que estava vestindo. Um dia,ela chegou à terapia com um casaco de lã vintage. O terapeuta elogiou a peça e perguntou se ela a havia comprado na Desigual,rede de fast fashion.

Toledo faz parte do grupo de pessoas que se arrumam para as sessões. Essas roupas,em grande parte compostas pelo que ela considera calças e sapatos bonitos,são usadas com uma intenção singular:

— Mostrar que sou de fato uma adulta e não uma criança de 2 anos perpetuamente ferida,que é o que sinto quando estou em terapia.