Delegacia de Atendimento à Mulher: pedidos de medida protetiva podem ser feitos nestas unidades,em casas-abrigo,centros de referência da mulher e juizados de violência doméstica — Foto: Thiago Freitas / Extra
GERADO EM: 12/03/2025 - 16:33
O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
A cada 24 horas,em média,13 mulheres foram vítimas de violência no ano passado nos nove estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança. Em Amazonas,foram registradas 4.181 mulheres vitimadas,número que representa um aumento de 12,4% em relação a 2023.
'Já que tu vai me deixar,vou te deixar feia': Entenda a explosão da violência contra a mulher no BrasilViolência contra a mulher: 21,4 milhões sofreram algum tipo de agressão nos últimos 12 meses,mostra pesquisa
Os dados monitorados apontaram ainda 531 vítimas de feminicídios. Isso significa dizer que,a cada 17 horas,uma mulher morreu em razão do gênero. Os crimes foram cometidos por pessoas próximas em 75,3% dos casos. Na grande maioria (70%),os autores foram parceiros e ex-parceiros.
Ocorrências de violência contra a mulher — Foto: Rede de Observatórios da Segurança/Arte O Globo
Bahia e Pernambuco foram os únicos estados com queda nos números de violência de gênero. A pesquisa trabalha com duas hipóteses para essa redução. Uma delas diz respeito ao trabalho dos movimentos feministas na conscientização de mulheres. O segundo é a subnotificação dos casos junto às forças de segurança.
Ocorrências de violência contra a mulher — Foto: Rede de Observatórios da Segurança/Arte O Globo
Os dados são produzidos a partir de um monitoramento diário do que circula nas mídias sobre violência e segurança. As informações coletadas de diferentes fontes são confrontadas e registradas em um banco de dados que,posteriormente,é revisado e consolidado pelo Observatório.
De acordo com Edna Jatobá,coordenadora do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares e do Observatório de Pernambuco,o alto índice de violência contra a mulher se deve às políticas falhas de proteção.
— Apesar de importantes avanços ao longo dos anos com a institucionalização dos mecanismos de proteção às mulheres,como as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs),a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio como crime,a violência contra mulheres continua sendo uma realidade alarmante em nosso país. Isso porque esses mecanismos de proteção deveriam estar mais consolidados e dotados de melhores condições de funcionamento — afirma Jatobá.
Monitorado pela primeira vez pela Rede de Observatórios,o Amazonas registrou 604 casos de violência contra a mulher,ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Foram contabilizados 33 feminicídios,15 deles cometidos por parceiros ou ex-parceiros. Também chama atenção que 84,2% das vítimas de violência sexual tinha de 0 a 17 anos. Além disso,97,5% não tiveram identificação de raça ou cor. O estado registrou dois casos de transfeminicídio.
O estado apresentou redução de 30,2% nos eventos de violência em um ano — de 368,em 2023,para 257 no ano passado. A capital baiana,Salvador,foi a que mais registrou eventos,com 68 no total. A Bahia também teve 96 mortes de mulheres (feminicídio e homicídio).
Os 207 casos registrados fizeram de 2024 o pior período em sete anos com relação à violência contra mulheres no Ceará. Em comparação com 2023,o aumento foi de 21,1%. Os feminicídios também aumentaram: de 42 para 45. A maioria das fatalidades foi contra mulheres entre 18 a 39 anos. Parceiros e ex-parceiros cometeram 56 das violências. O estado também registrou um caso de transfeminicídio.
O Maranhão registrou um crescimento de quase 90% na violência de gênero. O estado passou de 195 para 365 eventos violentos – 151 deles cometidos por parceiros e ex-parceiros. O estado também teve 54 feminicídios,sendo que 31 vítimas desse crime tinham entre 18 e 39 anos. Ao todo,61 casos de abuso sexual foram registrados.
O Pará teve uma alta de 73,2% nos números de violência contra a mulher — de 224 para 388. Em 63,4% dos casos,os crimes foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros. A pesquisa chama atenção para o alto índice de agressões registradas com o uso de arma de fogo (96) e de facas e objetos cortantes (95). Mulheres de 18 a 39 anos representaram 39% dos 41 feminicídios contabilizados.
O estado teve uma redução de 2,2% nos índices de violência contra a mulher. Passou de 319 em 2023,para 312 no ano passado. Pernambuco ficou atrás apenas de São Paulo nas mortes de mulheres (feminicídio,transfeminicídio e homicídio),com 167 eventos.
Foi o segundo estado,entre os nove,com mais casos de feminicídio: 69. Em 50% deles,os autores foram companheiros e ex-companheiros. Em 45% dos casos,as vítimas tinham entre 18 e 39 anos.
Estado registrou crescimento de 17,8% nos crimes ligados a gênero (de 202 casos para 237). Teresina teve o maior número de casos (101),seguida por Parnaíba (14). Foram 57 tentativas de feminicídios e 36 feminicídios. A exemplo de outras regiões,o Piauí também teve problemas de transparência dos dados,de acordo com a pesquisa: 52,7% ficaram sem registro de motivações e 97,2% sem os marcadores social e étnico-racial.
O Rio de Janeiro teve um aumento de 1,9% no número de violências. Dos 633 casos,197 foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros. Feminicídios e tentativas também registraram altos números: 63 e 261,respectivamente. No estado foram contabilizados 103 casos de violência sexual/estupro.
São Paulo é a única região monitorada com mais de mil eventos violentos contra mulheres em 2024. Foram 1.177 casos,um aumento de 12,4% em relação ao ano anterior. Entre as vítimas de violência com registro etário,378 mulheres tinham de 18 a 39 anos – 422 não tiveram essa informação disponibilizada. Foram 144 feminicídios,sendo 125 cometidos por parceiros ou ex-parceiros. A capital teve os maiores números: foram 149,seguida de São José do Rio Preto,com 66,e Sorocaba,com 42.